segunda-feira, 25 de maio de 2009

Estetística

Mais de dois terços das rotas supõem um desespero pacífico
como há em 92% das retas uma obviedade instigante.
Apenas um quinto dos desabafos tem um deleite
desabado em se ter que recolher,
como temos tido em todos os casos de tragédia inevitável uma persistência irresoluta.

Há uma dormência emocional em 37% das pessoas que dormitam sobre extremos,
como indícios fortes de deterioração em abreviaturas de sentimento.

Apenas 17% das objeções passam por soluços sustados,
já que nas regiões onde faz mais frio
o índice de sustos frustrados soma quase o dobro da sobra.

Em mais de 40% das colisões verifica-se uma iminência entorpecida
pelos circunstantes, como um enleio pretendido nos fatos.

Existe uma caricatura intrigante em 89% das certezas
- é o quando não se assombra de dúvida.

Somente metade das estatísticas é confiável.
Mas em que metade estamos?

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Para ver se ficaria bom

Versifique comigo, convença
Todas as convenções de sentido
Do contrário, contrario, rio
Rápido, é o mesmo - é estio.

Não há nada entre verso e presença
- É conversa, crença, desprurido.
Meu caso contigo não é prosa,
É pena, é pouco, é pouco ardilosa.

Não faça cena, eu impeço - peça
Saio de cena, cedo; vencido.
Vem cá, cá pra nós é cedo
Pr'um saldo negativo. É segredo.

Paz, entendo. Peço, se despeça,
Meço pelo mínimo pedido.
É que a lua levantou um ponto
Pertinente: estou cheio. E pronto!

terça-feira, 12 de maio de 2009

Cardinais de percepção

A violência arrefece no gesto
- absolve no toque difuso da água.
Estou imerso em paz.
A paciência, o pretérito, o por quê?
Do contato resolve-nos, volve
em humores consentidos da sensação.

Quando é dos olhos respingarem ver,
desastradamente, densos, detidos.
Dentre a fresta livre que é estar
entre, tanto insuficente.
Do perfume espaçado forma física de presença,
presente à proximidade da respiração
e à futilidade da suspeita. Certo.

Porque a intenção se apieda do insensato;
a queda é transparente para quem vê
a dor como glória de se ver ao chão.
De pé.
Mas qual é a pertinência da vitória,
quando todos nos juramos vencidos?

domingo, 3 de maio de 2009

Se me perguntarem

Não perguntem, ando gaguejando meu nome.
Tenho estado muito certo de quem sou.
Na verdade, não tenho tido muita fome;
tenho tido pelo que dizem aonde estou.

Ontem mesmo, a minha sombra me procurou,
É que não me tenho visto ultimamente.
As palavras ainda atendem por eu, sou,
sei, lá, aqui - só amanhã, recentemente.

Tenho visto um talvez, assim, só um talvez,
que em sã consciência tenha vergonha, sim,
vergonha de atender à porta uma outra vez.

Pelo visto, tem-se dito que a casa está vazia:
uso capião do nada - é mais ou menos assim;
eu mesmo confirmei a informação outro dia.