sábado, 21 de julho de 2012

porque é antes tarde

idealize um embrulho que você possa rasgar.
agora,
desenlace a fita,
porque eu não quero soar rude.
a dedicatória pode ser
a sua memória favorita.
o presente, é claro,
teria sido surpresa,
porque já não é.
a sua campainha tocaria de repente
e eu pediria que você
vestisse suas melhores esperanças
e aceitasse as flores que eu nunca te dei.
o sol poderia prometer que anoitecéssemos à mesma hora,
quando amanhecesse, eu te presentearia com
uma certa preguiça de acordar e
alguma familiaridade nos sonhos.
do poema, eu gostaria de prometer
toda a fluência da mentira,
já que não haveria sentido em se imaginar do que é e
a língua, que eu pudesse supor que fosse apenas uma.
e da ocasião
eu só queria poder jurar que fossem muitas

A tempo

Se é você porque não se deve
pedir conselho a uma canção de amor,
e porque não se deve
esperar respostas do espelho;
por quais quiser motivos
a distância não precisará supor enredos
e do que se inventará o mundo
se não de narrativas tristes?

Pois que não me fosse dado distinguir quem sou,
tudo o quer que fosse daria ainda por falta tua
e à fronteira, tanta por
constituída saudade,
faria paisagem da tua ausência
por delírio da memória.

Quando pode ser que o sentido se faça atrasado,
já não será que teremos perdido a capacidade
de distinguir esperar de sofrer
e o infinito de tanto?
É tempo.