terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Poesia de rapina (poemapolaróide)

violado, vem, de verso e se verseja
em veja bem o foco fora de foto
faz por onde eu estive mais de bandeja
do que se por bancarrota eu estive roto

rua, raio, e trempestarde me proteja
se em minh'alma o destino estiver à venda
a troco de nada no altar da igreja
lá entre nós, eu não me esqueço da renda

sou um sempre transeunte qualquer em nós
rói-se rápido eu vivo derrente à sina
sim-milar de raspão que você nos vemos

assoprado palha estamos em ruína
se na valha destroços demais nem menos
se não calha sermos restos de rapina

sábado, 12 de dezembro de 2009

amor numa rua de mão dupla (mão inglesa)

se deixe seduzir pelo óbvio e
não
suspeite das retas - somos um atalho
por entre eu e você
sabe

estou atravessado você
está na
calçada
descalça
prêt-à-porter do lirismo
sem porquê se repetir

estou pavimentado um buquê de rosas

se deixe seduzir pelo óbvio e
não
somos retas - suspeite dos atalhos
por você entre eu e,
sabe

estou você atravessado
nesta
calçada
percalça
prêt-a-porter do porquê
se repetir do lirismo

estou pavimentando um buquê de rosas

não se deixe seduzir pelo óbito e
não

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

eu sou uma fuga a duas vozes

tenho tido suspeitas do lençol.
"você alude a tudo", e você retruca
não basta, bobagem, não é o bastante
bastantes braços
brincos e buquês, porquês sem mais mais mais

nunca mais;

tenho sido refém das minhas camisas,
a textura cor não sei não
fui andar nu numa esplanada inventada,
e lá vem você nuvem falciforme e tempestade
tarde, sem piquenique.

fui vítima da gravidade quando pulei da janela,
mas eis que te encontro no chão.

já pedi por favor,
saia do poema.
vou contar até três.