quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Há clarões vagos no pano da cortina
- Minha retina destece novelos fáceis
Por imaginados, com matizes táteis.
Linhos de luz escurecem qual toxina

De por possível se livrar; não da dor.
Pálpebras ponderam contrastes em nada,
E esquecem a luz, à sombra iluminada.
A visão não vale a luz que a faz ver, por

Quase-receio de olhar. E 'inda a cobiça,
Como se se pudesse ouro, submissa
À vontade de coincidir-se com o ver.

As mãos tateiam a matéria estirada,
Em estrias-fantasias, qual fato em farda;
E esquecem-se que tem ouro em seu poder.

4 comentários:

fabiana disse...

'a visão não vale a luz que a faz ver, por
Quase-receio de olhar(...)'

Acho foi o primeiro soneto que li no seu blog - muito bom...

João Medeiros disse...

q grande equívoco ser o primeiro, fabi... ahuahu

fabiana disse...

Bom que existem muitos outros para serem lidos ainda!...

fabiana disse...

Seu soneto me lembrou 'Eveline', do Joyce, com a cortina, o vazio e a dor... Ia ficar mais tocante ainda se começasse com o seu poema.