domingo, 23 de outubro de 2011

Pas de deux

I.

Promessa:
escolha as piores palavras com cautela,
diga pra ela
que é pra provar que,
mesmo que você não consiga,
melhores não há.

Primeiro passo:
vista sua melhor roupa,
porque ocasião é tudo,
e tenha o rosto desnudo,
porque nada é o bastante.

Passo após passo:
amasse muitas folhas de almaço,
passe a alma a limpo,
rascunhe a geometria do recinto
que você pretende adentrar.

Descaso (e requinte):
faça o seguinte
- adoeça caso esteja atrasado,
endosse todo assunto
sobre o qual estiver mal-informado,
mas sempre, sempre esteja descalço no tapete.
E mais um lembrete:
a elegância é a maior virtude
dos desleixados.

Sugestão:
deixe claro o que lhe for caro,
anote o gabarito da sua vontade num bilhete.
Nunca é tarde demais
pra se ser mal-interpretado.


II.

Da capo:
seja breve,
não se esqueça
mesmo que não pareça,
o esquecimento
é a sempre melhor recordação.

Recomendação e rodeio:
tire seu melhor retrato,
raspe seu último prato
e desconfie de quem te disse
que você fica melhor de perfil.

Dispense o terno e a gravata,
não esteja formal demais,
e mesmo que você tenha sido o primeiro a sair,
peça que o deixem em paz.

2 comentários:

João Medeiros disse...

maravilhoso

João Medeiros disse...

aiuheIUaei, tou começando a não precisar de tantos rodeios pra elogiar, é uma vitória psicológica